quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A Jangada de Pedra

          Acabei de começar a leitura dessa obra de José Saramago, me encontro na página doze. Mas não posso continuar a leitura sem antes fazer um comentário sobre os dois primeiros parágrafos, que já me levaram a uma profunda reflexão.
          Joana Carda riscou o chão com uma vara de negrilho, fazendo com que todos os cães de Cerbère começassem a ladrar, coisa que jamais haviam feito antes. Os cães ficam tão agitados que veterinários são mandados ao local para descobrir o que lhes fez proceder dessa maneira e os habitantes ficam tão irritados com os barulhos dos animais que decidem lhes dar bolos de carne envenenados, fazendo com que a paz volte a região. Porém, ao perceberem que um cão, após provar o alimento, morreu, os outros fogem. Ao analisar esse animal, os veterinários descobrem que ele não tinha cordas vocais e ficam confusos sobre como o cão pode fazer tanto barulho.
          Nesse ponto, comecei a pensar que nós podemos nos encaixar no papel dos cães que estavam sem voz, controlados e pacíficos, sem incomodar seus donos. Bastou que alguém os atiçasse para que começassem a latir, o que no nosso caso seria o mesmo que uma pessoa começasse a agir e nos fizesse indagar e questionar os porquês das coisas e a lutar e opinar para as mudar para o que melhor nos fizesse.
          Alguns (os donos) podem tentar nos dar bolos de carne, mas nem todos perecerão, afinal, também se pode aprender com os erros dos outros. O veneno nesse alimento pode ser o responsável por nos tirar não a vida, mas a vontade de lutar para torná-la mais digna. O veneno é tudo que nos deixa conformados com nossa situação, o que nos aliena.
          Os veterinários não entenderam como os cães puderam fazer barulho sem terem cordas vocais. Nós também podemos fazer barulho, mesmo sem ter os meios considerados necessários para isso. Podemos mudar pequenas situações, injustiças, pensamentos ultrapassados, se fizermos um esforço e lutarmos pela melhora. Joana fez com que os cães latissem. Podemos ser a Joana que precisamos. Só me pergunto se queremos, afinal, podemos estar satisfeitos com o bolo de carne que nos foi dado.
          Enfim, como já disse, mal comecei a leitura do livro, logo, não sei se era essa a mensagem que o autor queria passar, mas foi nisso que esses dois primeiros parágrafos me fizeram pensar. Espero não ter me distanciado muito do verdadeiro sentido desse trecho.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Diário de um Banana

         Jeff Kinney consegue por meio dessa obra transportar todos os medos e preocupações de quem está vivendo essa fase pré-adolescente, mais ou menos aos 11 anos, para o papel e mostra que a gente se preocupava sim com coisas que hoje achamos banais.
         Greg Heffley é um garoto nessa fase, que ganha um caderno da mãe para expressar seus sentimentos no papel, mas logo declara que não fará dele um diário, mas sim um documento de consultas futuras. É nesse caderno que escreve todas as suas preocupações, objetivos, medos, vergonhas e anseios.
          O formato em quadrinhos do livro nos permite ter uma visão mais ampla das ideias de Greg e de como sua mente funcionava e raciocinava. Ajuda também a entender melhor as pequenas confusões pelas quais a vida do protagonista passa, como a história do Toque do Queijo, a implicância de seu irmão Rodick, as farras no Halloween, os presentes de Natal trocados e as desavenças com seu melhor amigo Rowley.
          Alguns podem considerar essa história boba, mas ela consegue entrar tão profundamente na mente e nas concepções do menino dessa idade, que fez com que eu lembrasse e parasse para refletir sobre o que era importante para mim nesse período, e, nada surpresa, descubro que me importava com assuntos parecidos com os de Greg.
         Outra vantagem (ou não) é que a história não é tão comprida; eu, por exemplo, li em uma hora. Recomendo esse livro.
         Enjoy it!

domingo, 30 de setembro de 2012

Memórias Póstumas de Brás Cubas

O título do livro por si só já pode causar intrigas, afinal, traz junto consigo o questionamento do que são essas tais memórias mortas. Porém, logo no primeiro capítulo, o verdadeiro significado delas é exposto, quando Brás Cubas se diz não um autor defunto (aquele que escreveu e depois morreu), mas sim um defunto autor (aquele que morreu e depois escreveu). Assim, a narrativa se inicia pela morte do protagonista, em uma tarde chuvosa, aos 64 anos de idade.
Após contar sobre seu velório e fazer uma transição, Brás Cubas volta ao seu nascimento, contando algumas de suas estripulias de criança e passando a sua adolescência. Descreve seu primeiro beijo aos 17 anos com seu primeiro amor, Marcela, uma moça bela e gananciosa, que fazia com que ele gastasse exageradas quantias com presentes para ter a atenção da moça sobre si, até que seu pai o obriga a ir para a universidade de Coimbra, com o objetivo de fazer com que ele esqueça a moça e tome um rumo na vida.
Anos se passam, e já de volta ao Brasil, ele fica noivo de Virgília. Em uma de suas caminhadas conhece a filha de dona Eusébia, Eugênia, por quem acaba se apaixonando. Porém, acaba abandonando a moça um tempo depois, devido ao fato dela ser coxa. Nesse meio tempo, Virgília fica noiva e casa com Lobo Neves, na promessa de se tornar baronesa.
Em mais uma de suas andanças pelas ruas do Rio de Janeiro, chega em uma loja e encontra Marcela, mas ela está velha, abandonada e tomada de uma doença que lhe deformou a face. Ele percebe, então, que sua vida havia tomado o rumo certo ao abandoná-la.
Quando o pai de Brás morre, ocorre uma briga com sua irmã, Sabina, e seu cunhado, Cotrim, a respeito da herança da família, o que faz com que eles se afastem. Longe da família, ele começa a freqüentar mais os eventos da sociedade e em um baile encontra Virgília, valsa com ela e os dois acabam se beijando, embarcando em um romance secreto.
Para evitar desconfianças, compram uma casinha para eles, deixando como governanta uma antiga criada da família de Virgília, dona Plácida. Passam a encontrar-se lá com frequência, até que geram a desconfiança do marido dela. Lobo Neves é transferido no trabalho e a família se muda para uma província.
Sabina tenta arrumar o noivado entre seu irmão e a filha de Damasceno, Eulália. Ele aceita e está a ponto de acertar os detalhes do casamento, quando ela morre subitamente devido a um surto de febre amarela. Desconsolado e já em idade avançada, ele busca em seu trabalho na câmara de deputados razões de se sentir útil e reconhecido. Mas, devido a uma de suas ideias, perde seu cargo e depois disso sua vida começa a se deteriorar.
Um dos personagens que ganha destaque no livro é Quincas Borba, um antigo colega de escola de Brás Cubas. De rico fidalgo, ele passa a mendigo e novamente a rico, para experimentar suas filosofias de vida, até que desenvolve o Humanitismo, filosofia que prega Humanitas como a gênese de todas as coisas e explica as adversidades da vida humana. Acaba ficando louco, e abraça sua loucura.
Talvez o que chame mais atenção nessa obra seja a linguagem que Machado de Assis emprega e a maneira que os capítulos são divididos, sendo por vezes interrompidos para que o autor estabeleça reflexões, explicações ou diálogos com o leitor, utilizando uma linguagem de familiaridade, alertando para as surpresas que a narração reserva. Os primeiros capítulos do livro são difíceis de ler, não estabelecem cronologia ou qualquer tipo de organização, razão pela qual muitos desistem de ler essa obra logo no início. Mas, quando se persiste, se percebe que é uma ótima narração, revelando muitos detalhes da sociedade da época, sendo, assim, uma das melhores e mais importantes obras do Realismo.

Enjoy it!

sábado, 25 de agosto de 2012

Pollyanna

Posso dizer que Pollyanna, da Eleanor H. Porter, foi um dos livros que mais me ensinou. No meu aniversário de 14 anos, eu havia pedido alguns livros de presente e meu pai me deu um que eu não havia pedido, Pollyanna. Como não estava tão interessada com a história e o estado de conservação do livro não era dos melhores (foi comprado em um sebo), deixei ele de lado por um bom tempo. Até que decidi que seria o próximo que eu iria ler e me arrependi. Me arrependi de ter levado tanto tempo para começar a leitura desse livro.
A primeira coisa que Pollyanna me ensinou foi não julgar um livro pela capa. Sem dúvida, foi uma das melhores histórias que eu já li. A menina passa por tantas coisas, perde os pais, vai morar com uma tia que não tem muita afeição por ela no começo, ganha o pior quarto da casa... mas sempre consegue dar a volta por cima, surpreendendo a todos com o que chama de "jogo do contente". E essa foi a segunda coisa que aprendi com o livro.
Pollyanna muda a vida de todos ao redor dela com esse jogo, fazendo com que as pessoas enxerguem o lado bom e as lições que cada situação carrega. É através desse jogo que a tia dela descobre o amor e o perdão e é através dele que Pollyanna consegue superar a maior dificuldade que lhe foi imposta: sofrer um acidente e não conseguir andar.
O livro nos ensina que mesmo que a situação seja complicada e pareça não haver mais saídas, sempre há um lado bom, a questão é encontrá-lo.
Recomendo esse livro, ele é lindo!
Enjoy it!


Sort of skills

Aqui vão algumas espécies de dicas que acho importantes para tornar a leitura mais proveitosa:
  • Leia de tudo. Viaje ao passado com os clássicos da literatura, conheça novas realidades com as ficções, se emocione com os baseados em fatos reais. Vale a pena.
  • Não tenha vergonha de chorar ou cair na gargalhada enquanto lê, isso só mostra que a história está realmente te envolvendo e que você se afeiçoou com os personagens.
  • Não force a leitura. Se a história está chata, pare. Só vale a pena ler o que te traz prazer.
  • Comece com os clássicos mais "leves", como Cinco Minutos ou A Viuvinha, de José de Alencar. Depois tente ler livros mais e mais complexos.
  • Conserve os livros. Use marcadores de página ao invés dos marcadores dos livro.
  • Viva a história, sonhe com a história, se imagine na história.
Enjoy it!

Just to say hello to you!

Talvez esse seja só mais um blog sem objetivos e não muito criativo, mas é a forma que eu encontrei de mostrar minha opinião sobre coisas que eu amo e o que eu aprendi com elas.
Os livros têm sim um toque mágico, que me levam a uma pseudo-realidade, mais fácil (ou não) do que essa em que estou inserida, ou mais interessante. É através deles que eu conheço lugares que aprecio e me torno cúmplice de personagens que vejo como amigos.
Não quero me estender, se o blog vai ser bom, só vou saber no futuro. Quero terminar com uma frase que resume tudo o que aprendi nas dezenas de milhares de páginas que li:
"Livro vem do verbo livrar, tendo como principal objetivo livrar-te da ignorância." (P. F. Filipini)

Enjoy it!